O riso está perto do pranto.
Eu estava pensando hoje e um buraco se abriu no meu peito.
Não sei se era bem um buraco, ou se ele estava tão cheio de alguma coisa, que estava me sufocando.
Era uma sensação vazia, porém conhecida.
Eu a sentia com certa frequência.
Era, ao mesmo tempo, quente e gelada, me fazendo querer sorrir e chorar, de uma só vez.
Dificultava minha respiração, ao mesmo tempo em que meus pulmões se enchiam de ar.
Era bem complexo.
Já haviam me dito que eu tinha algo, mas não sabiam me explicar o que era.
É algo seu, uma coisa que emana de você... É natural.
E eu me avaliava e pensava no que poderia ser.
Eu queria abraçar o mundo com minhas próprias mãos.
Mas não queria estar sozinha. Queria que alguém me ajudasse a abraçá-lo.
Eu amava as pessoas e queria que elas fossem (e quisessem ser) minhas.
Queria que estivessem sempre fazendo parte da minha vida, mas sem que eu precisasse, a todo tempo, ir atrás delas.
Eu queria que elas quisessem ficar comigo, fazer parte de mim.
Não gostaria que isso parecesse possessão.
Eu gostaria apenas que todos entendessem que, para mim, algumas pessoas são importante demais para irem embora.
Cada uma, de um jeito, significa algo para mim e em mim e faz parte da minha história e de mim.
Eu gostaria apenas que eu pudesse me doar para alguém (ou uns alguéns), da mesma forma que eu gostaria que se doassem para mim.
Eu queria amá-las sem medo, sabendo que sempre estariam aqui comigo.
Queria poder ser eu, com elas.
Queria sorrir, dançar, cantar e ser feliz, sempre aumentando as pessoas ao meu redor, não revezando-as.
O que me apertava o peito, era sentir que isso era impossível.
As pessoas estavam cada vez mais parecidas com objetos.
Frias, secas, fúteis, vazias.
E tinham um prazo de validade.
Ficavam com a gente por um tempo, enquanto servissem, e depois, venciam, e iam embora.
Era isso o que eu estranhava.
Era isso o que eu não queria.
E era isso o que eu tinha...
Da parte de muitas pessoas... Graças a Deus, a mim, ou a alguma força maior, não de todas.