terça-feira, 28 de junho de 2011

Vae mortuis!

Triste de quem morre!


Em um dia comum, você resolve fazer algo.
Algo simples, algo pequeno, corriqueiro, talvez sem muita importância...
E, a partir desse algo, alguma coisa realmente importante e mágica acontece.
Você tem um momento seu com você mesmo.

A música certa está tocando.
O cheiro certo exala de algum lugar.
Você faz coisas que fazia antes, mas que agora têm outro sentido.
Alguma coisa está acontecendo... É o universo conspirando a seu favor?

Esses dias saí de casa.
O sol estava quentinho e um vento passou pelos meus cabelos.
Senti um cheiro que me lembrou minha infância.
Era cheiro de felicidade, misturado com cheirinho de chuva.

Eu fechei meus olhos...
E sorri.
Era eu e eu mesma.
Apenas eu me entenderia.

Isso passou...
Não comentei sobre o quê senti.
E hoje algo mágico novamente aconteceu.
Meu coração ficou mais leve.

Escolhi umas músicas que mexem comigo...
Olhei fotos de anos atrás.
Conversei com algumas pessoas especiais...
E finalmente vi que não cabia mais em mim, nenhum sentimento ruim.

Eu estava livre, graças a Deus!
Eu me lembrei de quem e de como eu era...
Me lembrei de tudo e todos que me fazem feliz.
Me lembrei de tudo o que passei, plena.

Eu fechei meus olhos...
E sorri.
Era eu e eu mesma.
Apenas eu me entenderia.

Eu tinha ressuscitado!
Eu renasci...
Renasci voltando a ter minha essência, só que renovada.
Feliz, leve...

Agora eu poderia sorrir de verdade...
Poderia orar de verdade...
Poderia ser eu, só que ainda mais verdadeira.
E eu agradeço... Apenas agradeço.














Amém.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Vultus est index animi.

O rosto é o espelho da alma.


O vazio.
Conhece?
Eu o conheço... Somos íntimos.
Ele vem de repente... Como uma chuva de verão.

Estou no meio da multidão.
Festas, casamentos, faculdade...
Pessoas passam, conversam e sorriem.
E ele aparece.

Acontece em uma fração de segundos.
É como se o ar faltasse, mas eu estivesse respirando normalmente.
E buracos se abrem...
Um sob meus pés e um, dentro de mim.

Logo minha visão escurece.
É como se eu enxergasse apenas aquilo em que estou focada.
Toda minha visão periféria fica negra...
E eu já me perco no espaço.

Eu não estou triste... Tampouco estou feliz.
Eu nem sei se estou lá.
É como se meu corpo estivesse.
Mas minha alma ou meu espírito não.

Tudo relacionado à mim, pára.
Meu tempo pára. Meu mundo congela.
E tudo está normal.
Todos estão normais.

É como se meu cérebro tivesse parado de trabalhar, mas eu ainda pensasse.
É apenas um vazio.
Não há dor. Não há raiva. Não há tristeza.
Não há prazer. Não há esperança. Não há felicidade.

É algo que acontece de uma hora para a outra.
Dura frações de segundos.
Não ocorre em tempos regulares.
Posso ficar meses sem ter a sensação. Ou ela pode voltar mais de uma vez na semana.

É como se eu não entendesse o motivo de estar naquele lugar, àquela hora.
É como se eu não tivesse nada, nem ninguém.
É como se não tivesse nem eu mesma.
É como se eu não existisse por alguns segundos.

E, da mesma forma que veio, tudo isso vai embora...
Repentinamente.
Como se tudo voltasse a fazer sentido.
E como se eu me reencontrasse.

O vazio é preenchido.
Minha alma, ou espírito voltam para meu corpo.
Minha visão clareia e eu volto a sorrir com os outros.
Eu me lembro exatamente o motivo de estar onde estou.

Me lembro que tenho tudo e todos.
Me lembro do quanto sou feliz.
Me lembro de como a vida é bonita.
E me lembro de como é ser eu.

E tudo está bem...
De repente eu não sou mais uma estranha no meio de uma multidão.
Sou alguém especial nesse meio.
De repente minha essência volta e eu também volto a ser simples e maravilhosamente eu.


quarta-feira, 1 de junho de 2011

Imago animi vultus, indices oculi.

Os olhos são o espelho da alma.


Muitos iam e vinham.
Inúmeros.
Eu me animava por um tempo... Mas depois passava.
Era algo vazio, repetitivo...
Mesmas palavras, mesmos sorrisos...
Mesmas mãos, mesmos beijos...
Mesmas pessoas.
E meu coração batendo do mesmo jeito.

Era de praxe eu me importar com os outros.
Era natural... Vinha de mim.
Agora eu queria que alguém fizesse isso por mim...
Era pedir demais?

Eu precisava parar de priorizar os outros, e olhar mais para mim mesma.
Acreditava que só assim eu encontraria alguém que se importasse mais comigo também.

Eu pensava em tudo isso, e sentia tudo isso deitada em um dos bancos da praça arborizada em que eu estava, ouvindo uma boa música.
Até que ele veio para me tirar do meu frenesi.
Meu melhor amigo. O melhor olhar. O melhor sorriso.

Ele se sentou no chão, ao meu lado, pegou um dos meus fones de ouvido e ouviu comigo a música que eu tinha escolhido.
Solzinho quente, ventinho frio...
Cheiro de folhas.
Estava tudo bem.
Ele só me olhou e sorriu.
Ele se importava.
Eu sorri de volta.
Era uma troca.
Eu me importava.

Não dissemos nada.
Ele colocou a mão nos meus cabelos e me fez carinho.
E fechamos os olhos.
Curtindo o ventinho, o cheirinho, o calor do sol, o carinho.
O momento.