Cheguei na livraria do shopping e fui logo me sentando em uma das mesinhas vazias.
Pedi meu capuccino costumeiro enquanto sentia o cheirinho dos croissants e pães-de-queijo quentinhos que saíam um atrás do outro.
Adorava o ar condicionado do shopping que trazia até mim, os cheiros de café e de livros, ao mesmo tempo.
Me sentindo vazia, abri minha agenda.
Era uma sensação gostosa ver folhas em branco e ter canetas à mão...
Dessa forma minha imaginação poderia apenar voar.
Eu fui escrevendo, sem pensar, apenas me deixando levar pelos sons que ouvia no ambiente em que estava, pelos pensamentos que ocupavam minha mente, pelos sentimentos que eu havia reprimido...
Apenas deixei a vida me levar.
Eu tinha tudo, aparentemente... Por que o nó na garganta? Por que o vazio?
Escrevi e rabisquei aquela folha até que consegui completá-la com tudo o que eu era naquele momento.
Se tudo o que somos é resultado do que pensamos (e sentimos), então aquela folha era eu.
Por fim, parei para ler o que tinha criado.
Percebi então que o tempo voava e que passava diante dos meus olhos sem que eu notasse.
Percebi que eu era sozinha e que, por mais que eu pudesse contar com um ou com outro, vez ou outra, as pessoas faziam escolhas e eu não fazia parte delas.
Eu talvez incluísse algumas pessoas na minha vida, mas percebi como isso era um erro e como eu teimava em cometê-lo constantemente.
Percebi como as pessoas mudavam de opinião e como eu era constante demais com o que eu sentia. Isso poderia ser integridade, mas poderia ser também comodidade, algo que eu detestava.
Percebi como as pessoas pouco viviam, e mais diziam viver.
Percebi como elas eram fúteis e más.
Percebi como pessoas conseguiam se magoar a troco de nada e como, sem motivo, sentiam prazer nisso.
Percebi como eu não me encaixava e como, com o passar do tempo, mais eu me machucava com as pessoas, quão mais amarga eu me tornava e como, menos feliz, eu era por ver que as coisas eram assim...
Percebi que gostaria de voltar no tempo e ser tão plena como eu era quando era pequena.
Percebi que eu poderia ser feliz por não ser como os outros, mas como era complicado ser a única nesse meio.
E percebi, por fim, como as pessoas eram, no fundo, sozinhas e como não tinham consciência disso...
Com aquela confusão de pensamentos, só pude engolir o nó que estava na minha garganta, terminar meu capuccino e olhar à minha volta.
Pessoas iam e vinham, sorriam, passeavam e conversavam...
Uma mãe com seus dois filhos loirinhos passou por mim sorrindo e me desejando um bom dia enquanto compravam salgados e refrigerantes.
Eu sorri de volta e elogiei suas crianças, que pareciam um casal de anjinhos.
Ela agradeceu, se afastando com os dois para as compras.
Guardei minhas coisas, e saí da livraria, com o nó na garganta um pouco mais frouxo, por eu ver durante o dia todo, pelo menos um sorriso sincero, dando forças à minha esperança para que as pessoas sejam mais leves e boas.
2 comentários:
"Tudo o que somos é resultado do que pensamos..."
Portanto, pense sempre nas coisas que te fazem bem, nas pessoas que te fazem bem, nas coisas que fazem cada dia valer a pena, e saiba que você nunca está sozinha.
Todos nós temos momentos em que sentimos um vazio por dentro, mas tem sempre algo ou alguém que nos fazem enxergar que somos mais "completos" do que imaginamos e que temos, não tudo, mas o essencial..
Um grande beijo! sz'
Como sempre você me impressiona com as coisas que escreve.
Eu terminei de ler e comecei a pensar. palavra por palavra me jogou muitas coisas na mente.
Você disse certo quando disse que as pessoas mais dizem viver e não vivem de fato, e como são más. dentre todas as outras coisas que eu li e que concordo com você eu imaginei o sorriso sincero que afrouxa o nó na garganta.
Somos o que pensamos.
Então sempre vou pensar no melhor do mundo, da vida, de mim, e de todos ao meu redor.
Por fim eu só tenho a agradecer a você por esse post. além de me encher os olhos com a beleza da escrita, me fez pensar nas pessoas. em tudo.
Não deixe de acreditar. não deixe de ser constante com você!
EU TE AMO!!
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