sábado, 26 de fevereiro de 2011

Hodie mihi, cras tibi.

Hoje por mim, amanhã por ti.

Ela era tudo para mim... Simples assim.
Quando namorávamos, eu me perguntava quando é que estaria casado com ela, para que eu pudesse acordar todos os dias ao lado da mulher que eu tinha escolhido.
Para mim, estar com ela, era vida.
Eu poderia ir a outros lugares, conhecer outras pessoas... Mas eu só era vivo com ela.

A vida a havia machucado muito, então eu queria ser o anjo da guarda dela.
Eu sabia que outras pessoas tinham passado pela vida dela e tinham deixado cicatrizes enormes, mágoas profundas.
Dessa forma, eu jurei por ela (porque ela era mais importante para mim do que eu mesmo), que nunca mais deixaria que ela derramasse uma lágrima de tristeza se quer.
Claro que eu apenas poderia amenizar tristezas que a vida trazia, mas tudo o que estivesse relacionado a mim, ao amor, ao nosso companheirismo e ao namoro, seria perfeito.
Eu tinha prometido que ela nunca mais sofreria por amor.

Ela era minha companheira.
Minha menina, tão delicada, tão brincalhona e engraçada...
Minha mulher, tão linda, inteligente, sensual...
Ela era minha cara-metade, minha alma gêmea, minha melhor amiga.
Ela era eu.

Eu brigaria com Deus e o mundo por ela.
Ela era minha razão de viver e eu era homem o suficiente para assumir isso e essa minha posição, a de viver por ela e para ela.
Ela era a única coisa que me importava.

Porque eu a amava mais que tudo, e assumia isso, as pessoas à minha volta também a amavam.
Meus amigos já nos viam como um.
Minha família a amava talvez até mais que amavam a mim.
E outras mulheres nem se quer tinham a coragem de se aproximar de mim, porque eu não permitia e porque sabiam que meu coração já tinha sido conquistado.
Ninguém ocuparia o lugar dela.

Eu era dela, assim como meu corpo, minha mente e meu coração.
Eu era viciado nela... Queria saber o máximo que pudesse sobre quem era ela antes de eu aparecer na vida dela.
Queria fazê-la a pessoa mais feliz do mundo.
Queria viver o mundo dela e incluí-la no meu.
Queria contar tudo para ela, todas as minhas aflições e meus medos, minhas conquistas, para que ela comemorasse comigo e meus fracassos, para que ela pudesse me aconchegar no abraço que só ela tinha, nas palavras tão delicadamente escolhidas e faladas com tanto carinho.

A voz dela... O sorriso.
Os olhos, o corpo...

Queria que ela se sentisse orgulhosa de mim, assim como eu me sentia orgulhoso dela.
Queria que ela me amasse tão loucamente como eu a amava.

Eu a queria tanto, que nos tornamos um só.
Mas eu mereci... Pois vivia ela e por ela, assim como sabia que ela viva por mim e para mim.
Era um troca justa.
Acordava com ela ao meu lado, dormindo abraçadinha e me arrancando suspiros todas as manhãs.
Ela era minha vida e era eu.
Ela era tudo.

E se tudo desse errado, eu saberia que no fundo, para mim estava bom...
Porque eu ainda a tinha, assim como ela me tinha completamente para ela.



quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Mala ultro adsunt.

A desgraça vem ser ser chamada.

Eu peguei meu carro e dirigi até a chopperia mais distante que conhecia.
A chuva batia no parabrisa deixando a noite ainda mais escura.
Assim que estacionei, cruzei os braços para me proteger do frio que fazia.

Entrei na chopperia e me sentei sozinha em uma mesa de dois lugares, pendurando minha bolsa na cadeira e arrumando meu sobretudo para que eu ficasse ainda mais quente.
O garçom veio e me perguntou se eu iria querer o chopp especial da casa.

Não, obrigada... Estou dirigindo.
Ele sorriu para mim e perguntou meu pedido, saindo logo depois com tudo anotado.
Ele falava baixo. Parecia ser muito educado. Tinha classe como todos os outros que trabalhavam no local.

Enquanto esperava meu pedido chegar, observava tudo ao meu redor.
Famílias, casais, amigos...
E eu. Sozinha, fria, triste.

Eu tinha tudo.
E tinha nada.
Com meus quase trinta anos, eu era elegante, bem sucedida, tinha meu próprio carro, meu apartamento, meu emprego, minha família que tanto amava, meus poucos amigos...

Mas algo faltava em mim.
Sentia falta do meu calor.
Sentia falta da minha cor.

Sentia falta dele e do sentimento que eu tinha por ele.
Sentia falta de como eu era e da minha leveza.
Sentia falta de viver.

Ele tinha ido embora, e com a partida dele, descobri que mais doía quem ia embora por vontade própria, do que quem a vida levava embora.
E ele tinha ido e levado consigo, minha alegria.
Nós tínhamos acabado.

E eu nunca ia me esquecer de como ele me fazia feliz, de como eu sorria com ele e de como eu confiava nele.
Nunca ia me esquecer da voz dele, do sorriso dele e das promessas que fizemos um para o outro.
Eu nunca ia me esquecer da cor dos olhos dele me olhando, do cheiro dele, do abraço dele e de como ele tinha sido importante para mim.

Mas isso era passado, e eu precisava encontrar uma outra cor para minha vida.
Eu precisava de calor para viver.
Precisava de um objetivo de vida, de algo que realmente me fizesse viver.

Oi meu amor.
Ele tinha chegado, me dado um beijo delicado na testa e se sentado na outra cadeira da minha mesa.
Ele era meu outro escolhido, meu amigo, meu companheiro...
Só não era ainda, a minha vida.

Pelo jeito, ninguém mais seria.
Eu não era mais a menina que eu era e não tinha mais os sentimentos de antes.
Eu ainda era fria e vazia por dentro.



quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Saepe potestatem solita est superare voluntas.

Mais faz quem quer do que quem pode.


Ser Pedagogo não é apenas ser Professora, Mestre, Tia, Coordenadora, Supervisora, Orientadora, Dona de escola.
É mais do que isso.
É ser Responsável.
Ser Pedagogo é ter coragem de enfrentar uma sociedade deturpada, equivocada sem valores morais nem princípios.
Ser Pedagogo é ser valente, pois sabemos das dificuldades que temos em nossa profissão em nosso dia a dia.
Ser Pedagogo é saber conhecer seu caminho, sua meta, e saber atingir seus objetivos.
Ser Pedagogo é saber lidar com o diferente, sem preconceitos, sem distinção de cor, raça, sexo ou religião.
Ser Pedagogo é ter uma responsabilidade muito grande nas mãos.
Talvez até mesmo o futuro...
Nas mãos de um Pedagogo concentra- se o futuro de muitos médicos, dentistas, farmacêuticos, engenheiros, advogados, jornalistas, publicitários ou qualquer outra profissão...
Ser Pedagogo é ser responsável pela vida, pelo caminho de cada um destes profissionais que hoje na faculdade e na sociedade nem se quer lembram que um dia passaram pelas mãos de um Pedagogo.
Ser Pedagogo é ser mais que profissional, é ser alguém que acredita na sociedade, no mundo, na vida.
Ser Pedagogo não é fácil, requer dedicação, confiança e perseverança.
Hoje em dia ser Pedagogo em uma sociedade tão competitiva e consumista não torna-se uma profissão muito atraente, e realmente não é.
Pois os valores, as crenças, os princípios, os desejos estão aquém do intelecto humano.
Hoje a sociedade globalizada está muito voltada para a vida materialista.
As pessoas perderam- se no caminho da dignidade e optaram pelo atalho da competitividade.
É triste pensar assim, muito triste, pois este é o mundo dos nossos filhos, crianças que irão crescer e tornar-se adultos.
Adultos em um mundo muito poluído de idéias e sentimentos sem razão.
Adultos que não sabem o que realmente são.
Alienados, com interesses voltados apenas pelo Ter e não pelo Ser.
Ser Pedagogo é ter a missão de mudar não uma Educação retorcida, mas ser capaz de transformar a sociedade que ainda está por vir.
Pode ser ideologia pensar assim, mas como Pedagogos temos a capacidade de plantar hoje nesta sociedade tão carente de valores, sementes que um dia irão florescer.
E quem sabe essa mesma sociedade que hoje é tão infértil possa colher os frutos que só a Pedagogia pode dar.
Ser Pedagogo por Vanessa B. de Carvalho.