Cada qual com seu igual.
Era um feriado e eu poderia descansar, sair, colocar algumas coisas em dia...
Era um feriado e eu poderia descansar, sair, colocar algumas coisas em dia...
O dia era meu, eu poderia fazer o que quisesse.
Optei, após pensar muito, por arrumar meu quarto, que estava precisando de uma atenção especial fazia tempo.
Fiz uma seleção de músicas gostosas, vesti minha camiseta surrada, um short jeans e fiz um rabo de cavalo mal arrumado...
Abri a janela deixando que um raio de Sol e o ventinho fresco de chuva entrassem pelo meu quarto.
Adorava sentir o ventinho gelado e o cheiro da chuva. Gostava mais ainda era de ver surgir filetes de Sol por meio das nuvens carregadas prateadas. Era meu tempo perfeito!
Comecei então a arrumar meu armário... E foi aí que começou meu frenesi.
Encontrei coisas que não imaginava encontrar... Coisas que nem me lembrava mais!
Cartas e lembrancinhas de amigos, camisetas assinadas pela minha galera nos últimos dias de aula (me diverti vendo assinaturas de amigos que eu não lembrava mais!) e muitas fotos.
Fotos de festinhas de aniversários, na escola, em encontros com os amigos... Tudo muito bom.
Foi quando peguei uma foto que me deu um apertinho no coração.
Eu e ele, abraçados, com o sorriso mais verdadeiro do mundo.
Ele foi o primeiro menino que eu tinha gostado.
Não no sentido de me apaixonar, mas foi o primeiro menino que suportei.
Estávamos na segunda-série?
Meninas de um lado... Meninos de outro!
Mas ele foi o primeiro menino que fez com que eu gostasse de ficar ao lado dele.
Ele era super legal! Meus pais o adoravam!
Éramos inseparáveis.
Me peguei sorrindo enquanto olhava nossa foto...
Parecíamos irmãos durante todo o tempo da escola... E foi aí que meu peito deu aquela apertadinha.
Me lembrei que tínhamos nos afastado.
Nada tinha acontecido... Simplesmente nos separamos.
Coisas da vida... Pessoas vêm e vão...
Meus olhos enxeram d'água.
Que saudade!
E uma música da minha seleção começou a tocar... Aquela música que me lembrou de tudo o que eu era.
Foi aí que uma luz clareou minhas ideias.
Cadê o celular? Cadê? ... Aqui! Fernando... Fernando...? Achei!
Eu tinha o número dele ainda... Será que era o mesmo?
Já tinham se passado 6, 7 anos... Era possível?
Eu liguei... Tinha que tentar!
Pra minha surpresa, começou a chamar... E enquanto chamava, sentia meu coração bater na boca. De repente, a voz dele ecoou nos meus ouvidos como algo mágico.
Será possível que é você mesmo quem está me ligando?
Será possível que você tenha o mesmo número de celular há tempo tempo?
(risos), pelo jeito não sou só eu, certo?
Eu sorria.
Que saudade!
Nem me fale! Já faz o quê? 7 anos?
Acho que sim... Como nos separamos assim?
Não sei. Foi tão de repente... E tão... Sei lá. Absoluto. Nunca mais nada. Não nos vimos mais, não nos falamos...
Pois é... E a gente era tão...
Unidos?
Isso...
Eu sei...
A gente fazia muitas loucuras, né?! Lembro daquela vez que a gente resolveu ir comer bolinho de chuva na sua casa, mas pra isso tivemos que atravessar a cidade inteira embaixo daquela garoa...
A gente só não contava que logo depois viesse aquela chuuuuuuuuva torrencial do nada! ...
Isso mesmo! O melhor foi chegar na sua casa com aquela chuva e dar aquele pulo na sua piscina!
Verdade! Ficamos até de noitão... Até minha mãe gritar a gente pra comer o bolinho...
Que estava maravilhoso, diga-se de passagem! Foi bom...
Muito bom...
Falávamos tudo em meio a muitas risadas!
Ei, está afim de uma outra loucura?
Agora?
Claro que é agora...
O que tem em mente?
Ainda mora no mesmo lugar?
Não mais... Estou morando na casa debaixo da minha avó, lembra?
Como poderia me esquecer? Seguinte... Dá uns vinte minutos e sai... Estou indo aí!
O quê?
Eu fiquei surpresa e nervosa... Não parava de rir.
É... Estou louco pra te ver! Vinte minutos...
Certo, estou esperando...
Ok, beijo.
Beijo.
Assim que desliguei, parecia uma louca tentando me arrumar.
Corria de um lado para o outro, mas não encontrava nada que pudesse supostamente melhorar minha aparência.
Consegui apenas tirar a camiseta surrada e colocar uma blusinha...
De resto, ficou tudo igual...
E eu que achei que os vinte minutos iam demorar séculos?
Passaram como se fossem vinte segundos!
Só me dei conta quando ele tocou o interfone (que eu não atendi...).
Respirei fundo e fui para fora...
Ele estava lá, lindo, com aquele sorriso no rosto que eu tanto amava.
Caraaaaaaca, você não mudou nada!
Ah, pára!
É sério... Lindona do mesmo jeito... Um pouco mais alta... Um pouco mais... Você, eu acho.
Você está ótimo!
Tenho me esforçado pra melhorar um pouco... No colégio eu era bem tenso.
Não aguentamos e começamos a rir.
Era nada... Éramos gêmeos, esqueceu?
E fui chegando perto dele... Ele me pegou e me deu o abraço mais gostoso do mundo!
Olha só o que eu trouxe!
Me afastou e se dirigiu ao carro. Quando se virou, vi que tinha em mãos uma câmera Polaroid.
O quê?! Está brincando?
(risos), você lembra?
Claro!! Você queria uma dessas mais que tudo no mundo.
Pois é... Vem cá!
Paramos lado a lado e ele bateu a foto. Ela saiu, ele a chacoalhou um pouco e aos poucos fomos surgindo lá.
Ele pegou uma caneta, escreveu algo no verso da foto e me deu.
Leia só quando entrar, tá?
Eu sorri acenando que sim com a cabeça.
Ficamos conversando mais um tempo.
Muitos abraços, muitas risadas, muitos olhares...
Eu não parava de admirá-lo, e nem ele a mim...
Era como se a gente nunca tivesse se afastado um do outro...
Ele foi embora... Eu entrei.
Leve, feliz e um pouco mais completa.
Virei nossa foto e li:
"Agora estaremos sempre juntos... Promete?
Fer.
09/10/2011."
Eu sorri.
Peguei meu celular e enviei:
"Sempre... Prometo!"
Tenho certeza que lá, ele sorriu de volta.
4 comentários:
Nooooossa, arrepiei!
Tão bom lembrar dos velhos tempos!
Existem tantas pessoas daquele tempo que eu queria encontrar...
você realmente sabe como fazer uma boa história né?! :)
eu adorei, muito boa..
Da até vontade de ter alguém assim com a gente. hahaha
história perfeita ^^
quando o sentimento é verdadeiro, dura para sempre...se nada o impedir.
Muito bom, Marina =)
Bjs
Caracaa!! Inexplicável a sensação de ler este post!!
A história ficou perfeita e dá até vontade de que ela aconteça, que a gente possa reencontrar os "velhos amigos"...
A amizade, quando é verdadeira, dura para sempre..
Podem passar, dias, meses ou anos, mas ela continua lá..
E quando há o reencontro, não existem palavras para descrever a sensação de estar lado a lado à pessoa que esteve ausente por tanto tempo.
Lindo texto, mais uma vez! ;*
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